28 junho 2007

A árvore da montanha, Ô-lê-i-a-ô

Nessa árvore tinha um ninho. Ai, ai, ai, que amor de ninho. Ai, ai, ai, que belo ninho.

E neste ninho, tinha um pássaro. E este pássaro nunca tinha saído do ninho da árvore da montanha, ô-lê-i-a-ô.

Ele tinha asas, mas que só serviam pra esquentar sua barriga – que era grande, por sinal. Christian (o pássaro do ninho da árvore da montanha, ô-lê-i-a-ô) não fazia exercícios, só comia.

Comia lagartinhas de borboleta que passavam por ali, comia flores, comia frutinhos que caíam da árvore da montanha, ô-lê-i-a-ô. Mas não, ele não comia minhocas, porque não tinha um papai nem uma mamãe pra levar a comida até ele.

Christian era órfão, e tudo o que ele lembrava era de seus pais saindo para a lua-de-mel. (Ele não havia sido planejado, nasceu alguns dias antes do casamento de seus pais.) Os dois pombinhos, ou melhor, passarinhos, saíram em viagem para a árvore de pitangas. Mas, logo que levantaram vôo, uma pedrinha os acertou. Era o filho do lenhador que mora na floresta da árvore da montanha, ô-lê-i-a-ô, brincando de estilingue.

Aquele tiro foi fatal para o casal. E muito triste para o pequeno Christian. Sem pais, ele nunca aprendeu a voar. E nunca comeu uma minhoca na vida.

Quem sabe um dia, o lenhador que mora na floresta da árvore da montanha, ô-lê-i-a-ô, corte a árvore de Christian. E assim, ele poderá sair do ninho onde foi abandonado e ter o prazer de comer uma minhoca.

15 junho 2007

O mundo de Elisa

Um dos passatempos preferidos de Elisa era passear pelo campo roxo, cheio de flores verdes, que havia ao lado de sua casa. Ali, o céu ficava muito mais alaranjado que o normal. Os carneirinhos verde-limão pulavam de um lado da cerca ao outro. As formigas cor-de-rosa pipocavam o campo, com todos os seus formigueiros azuis. Ela podia ver as vaquinhas lilás com suas manchas brancas. E mais para lá, trabalhadores com a pele bem vermelha, quase cor de pepino.

Às vezes, Elisa levava seu cachorrinho azul para tomar água na pequena cachoeira com água esmeraldina. Era lindo ver a água bater naquelas pedrinhas coloridas. Tinha verde, azul, cor-de-rosa, laranja, amarela e vermelha. Era a coisa mais colorida que ela conhecia, ao contrario do arco-íris que surgia no céu quando chovia e fazia sol ao mesmo tempo. Ele era cinzento, mas em tons de cinza diferentes, como uma escala de cinza. Totalmente sem vida.

01 junho 2007

Duendes e vacas

Na Antiguidade, duendes eram grandes ordenhadores de vacas. Grandes no sentido de ilustres, porque eles eram tão pequenos – no sentido de tamanho – quanto hoje.

O sistema que eles utilizavam era um tanto peculiar: eles amarravam a vaca com um cipó em uma árvore. (Duendes não usam cordas, só coisas que venham direto da natureza.) Então, ficava um duende embaixo de cada teta de vaca. E eles colocavam o leite direto em seus chapeuzinhos. O bom disso é que não precisavam ficar esvaziando o chapéu – como os homens fazem com baldes hoje –, o leite que caía em seus chapéus ia direto para a chaleira de cada habitante da cidade mais próxima.

Era simples. Quando um duende precisava de leite, colocava seu chapéu sobre um copo, caneca ou chaleira. No momento em que ele tirava o chapéu de cima do recipiente, este estava cheinho de leite fresco. É que os chapéus dos duendes têm um contato entre eles.

Você pode estar se perguntando: “Ué, mas se os duendes só usam coisas que vêm direto da natureza, como eles têm copos, canecas, chaleiras e mesmo chapéus?”. Mas, quem disse que copos, canecas, chaleiras e chapéus não vêm da natureza??? Eles não vêm da natureza que você conhece, mas na Antiguidade dos duendes, eles faziam parte da natureza.

Voltando ao assunto, os chapéus dos duendes são interligados por algo incompreensível por nós, humanos. Mas isso existe, e se eu estou dizendo que existe, fica mais compreensível.

Então, se um duende entrava dentro do seu próprio chapéu, e outro duende tirava o seu próprio chapéu, e isso fosse feito por vários duendes, estes duendes ficariam empilhados, um em cima do outro. E assim, eles poderiam ordenhar uma vaca gigante.