19 novembro 2007

A vida no automático

Josef vivia a vida no automático de vez em quando. Ficava lá do alto observando tudo. A única coisa que precisava escolher era a direção para a qual seus olhos iriam olhar.

Trabalhava sem pensar, digitava sem precisar formular as frases, resolvia contas enquanto apenas olhava para elas, vagamente. Seu corpo ia até o bebedouro e bebia água quando sentia vontade. Mas ele nem sabia quais eram suas vontades. Elas eram automáticas e automaticamente sanadas.

Mas se ele não sentia as vontades do corpo, como fazia quando sentia “vontade” de não ficar mais no automático? São passos muito simples para estar ou deixar de estar no automático: Primeiro, junte seus olhos vesgueando até o nariz. Sem tirar o olho esquerdo do lugar, gire seu olho direito três vezes no sentido horário (do seu ponto de vista, literalmente). Então, junte os dois no meio novamente. Pisque duas vezes rápido. Pisque de novo e fique 1 minuto com os olhos fechados. Quando você abrir os olhos, não estará mais no comando.

E assim, Josef passou 30 anos vivendo no automático. Quando resolveu voltar a ser seu próprio piloto, piscou os olhos e morreu. É muito mais fácil viver a vida como um mero espectador.

4 comentários:

Anônimo disse...

Tá faltando job?

Anônimo disse...

Brincadeira, gostei batãnti.

Cecília Pimenta disse...

Recado para Josef:
Querido, lamento por ter perdido 30 anos no automático...as melhores coisas acontecem quando a gente se envolve e se entrega! Mas quem sabe na próxima...

Recado para Dani:
Texto excelente!
Argumento inteligente!
Amei!

Anônimo disse...

Esse é um dos melhores!
beeeeem massa!! parabéns!