04 dezembro 2007

Visita à Torre de Babel

Era uma tarde de férias. Estudantes despreocupados estavam prontos para um passeio diferente. Chegaram à rodoviária e lá estava o ônibus com sua plaquinha “Torre de Babel”. Pedro Afonso chegou atrasado mas, correndo, conseguiu entrar a tempo.

O ônibus era estranho por dentro. Várias filas de bancos, sem passagem de uma para a outra. Alguns assentos tinham encostos. Outros, não. Pedro logo se acomodou em um dos bancos vazios, que não tinham encostos.

O motorista deu a partida e lá foram eles na viagem à Torre de Babel. Ninguém sabia onde era (quem organizou a viagem não quis contar), mas parecia ser um lugar longe, algo como a 5 horas de viagem. O ônibus pára depois de 20 minutos.
– Podem descer, chegamos. – disse o motorista.

Pedro Afonso desce e estranha. Ele estava quase certo de que antes havia uma igreja ali. E a Torre de Babel havia sido construída por cima.

Os estudantes vinham aos montes e invadiam a Torre.
– Que estranho um lugar ser construído em cima de uma igreja. – disse um dos estudantes.

Nesse instante, aparece na entrada uma mulher muito estranha, com um coque no cabelo e cara de ranzinza, olhando todos por cima. Os estudantes se espalham por todos os lugares. Um lugar muito estranho, aquele. Escadas finas e curvas iam de lugar nenhum para lugar algum. Parecia uma ilusão. Um lugar nunca visto antes. Quase um labirinto de escadas, onde o objetivo era chegar à próxima sala.

Pedro Afonso andava, andava. O passeio havia começado bem, estava divertido. Uma loucura. Bem como ele imaginava ser a Torre de Babel.

Já estavam todos ali dentro, menos o motorista. A porta de entrada se fechou. Todos seguiram para o próximo aposento. Cada um foi para um lado. Pedro Afonso estava sozinho. A mulher ranzinza parou ao seu lado.
– Vocês nunca vão sair daqui. – disse ela, com toda a tranqüilidade do mundo.

O garoto riu, como se aquilo fosse uma piada ou uma brincadeira. Ela ficou ali, olhando para ele. Pedro apagou, não se lembrava onde estava. Acordou dentro de um lago. A mulher estava na beira e dizia:
– Pode tentar nadar, pode tentar se mexer. Seus impulsos cerebrais estão bloqueados. Você não vai conseguir sair daqui.

Ele se debatia, mas não conseguia. Queria se mexer, mas se mexia errado. Tudo torto. Não saía do lugar. Que agonia! Que lugar era aquele? Onde estavam os outros?

A mulher saiu de perto. Pedro Afonso chegou à beira. Não via ninguém. Andou por ali, achou um telefone. Tentava ligar mas ninguém atendia. Será que ninguém atendia ou ele não estava conseguindo discar os números? Uma lágrima contida escorreu no canto de seu olho esquerdo. Ele suava frio.

Saiu correndo, correndo. Andou por todos os lados. Passou por grandes salões vazios. Tudo estava abandonado. Viu um outro estudante passando de um lado ao outro da porta ao lado. Tentou chamar, a voz não saiu. Tentou andar, mas o estudante andou mais rápido. Ele saiu. Pedro Afonso perdeu a esperança.

Foi até essa porta e encontrou a saída. Um alambrado de 7 metros de altura e, na frente, a rua, o motorista, o ônibus. Ele gritou, mas ninguém escutou. Olhou para cima e viu o outro estudante escalando a parede de arame. Subiu atrás. Um braço, uma perna. Eles não queriam obedecer. Nunca foi tão difícil se mexer. Conseguiu com dificuldade. Subiu ao topo. Se atirou lá de cima. Só queria sair daquele lugar.

Caiu. Tudo parou. Ele não se mexia. Abriu os olhos e viu dois pés. Subiu os olhos e viu a mulher de coque.

3 comentários:

Unknown disse...

(Y)

Cecília Pimenta disse...

ele morreu?
ele não merecia morrer!
PARE DE MATAR SEUS PERSONAGENS!

Texto excelente!
Beijocas

Rodolfo. disse...

tbém tenho essas agonias qndo sonho...